Grãozinhos De Areia

segunda-feira, abril 24, 2006

Mais um dia

Toda a gente fala, que quando estamos doentes, a força aparece donde menos esperamos.
Sempre fui pessimista, aliás eu sempre construi esta frase toda a minha vida -"No dia em que eu souber que tenho uma doença grave e que dela posso morrer, prefiro não saber pois, morrerei bem mas cedo". Sempre, eu sempre disse isto. E agora pareço ter força, não sei de onde ela vem, mas tenho-a.
Algo me dizia que sim, que eu estava a começar a ficar doente, mas... é claro que há sempre uma restia de esperança, mas bem cá no fundo eu já sabia. Todas as pessoas me diziam que não, que eu estava doida que ainda iria andar cá a xatear muito, que estava a entrar em paranóia, mas que tudo não iria passar de uma passagem breve na minha vida, mas eu não sei porque já sabia que não. Talvez por causa daquele abraço forte que a minha médica me deu, talvez por causa do ar desconfiado e sério que a outra médica das ecografias me fez, talvez por causa da preocupação da médica que me fez a biopsia, em me por contente enquanto me fazia sofrer com o exame horroroso. Talvez aquela perca de sangue fosse normal, para quem neste momento sofre do que eu tenho e não o sangue liquido como ela me disse. Tudo bem, a vida continua. Tudo isto me fez chegar á conclusão de que eu estaria a ficar gravemente doente.
Mas no dia da consulta, o olhar da enfermeira que por mim passou e com uma voz doce me disse:
-Olá Sónia o médico já a chama, vai já entrar a seguir. E ainda faltavam duas pessoas, rematou a minha previsão.
Entrei no consultório, o médico deu mais uma breve visão pelos papéis, foi uma daquelas sensações em qe eu me apercebi perfeitamente, que ele estava a pensar em como haveria de me dar a notícia, pois o tempo que eu estive cá fora á espera foi precisamente para ele poder ler tudo o que lá estava redigido.
A notícia seguiu-se: -Bem, infelizmente Sónia não tenho boas notícias para si,fez uma biopsia e o resultado é um tumor.
Fiquei estática a olhar para ele, com atenção a tudo o que me iria dizer de seguida.
A minha mãe agarrou-me na mão com muita força, pude sentir tudo o que lhe ia la alma, ela estava em apuros, o que lhe veio logo á cabeça certamente foi porquê á minha filha, será que vou ficar sem ela, é o que pensamos sempre que os nosso filhos ficam doentes.
Ele disse-me que já tinha um certo tamanho, para o qual poderia ter no máximo 5 anos de desenvolvimento.
Fiz não todas porque naquela hora ficamos sem reacção, mas muitas perguntas relacionadas com o meu problema, o seu conselho foi, comprar um bloquinho e ir anotando todas as dúvidas possíveis e imaginárias, ele estaria sempre lá para mas responder. O que mais me custou ouvir, no meio de tudo aquilo, foi o facto de que talvez nunca mais possa vir a ser mãe, doeu-me muito no coração.
Esta semana tenho muitos exames para fazer e resolvi ficar em casa, vai ser dificil, mas eu vou conseguir. Depois terei que ir trabalhar porque não consigo ficar a olhar para quatro paredes e não ter nada para fazer, dá-me cabo do miolo em 3 tempos. Terei que ir fazer o que mais gosto e para o qual dediquei até hoje algum tempo da minha vida, já lá vão 11 anos, 1/3 do meu tempo de vida.
Desde dia 21 Abril passei a fazer parte de mais uma estatística, aquela das mulheres que têm Cancro da Mama, felizmente na minha idade é uma estatística infíma, por isso talvez seja uma coisa positiva, espero poder estar naquela que ao fim de alguns anos tudo passou e possa ser bem igual á de hoje.

Tenho que viver e continuar a dar á minha filha, família e amigos todo o amor que até hoje consegui dar.

PÉROLA

sábado, abril 22, 2006

Sem..........................

Ontem iniciei um novo ciclo da minha vida. Mais um............
Este vai ser um pouco complicado eu sei... mas vou ter força e vou conseguir chegar ao fim com a garra e força que sempre tive. Sempre fui forte nas minhas etápas e por vezes o barco parecia quere afundar, mas eu consegui e subi, vim á tona.
Sinto uma grande força em mim, não sei porquê. Será que ainda não consegui perceber o que realmente tenho, ou será que Deus está comigo e ele sabe tanto como eu que juntos vamos conseguir ultrapassar todas as barreiras que me vão aparecer, no resto da vida.
Custou-me tanto saber que se calhar nunca mais posso ser mãe, fui sempre adiando e agora este sonho parece ter acabado.
Hoje sinto-me um pouco mais fraca, começo finalmente a perceber que afinal tenho um pouco de medo e que me sinto um pouco perdida. Mas eu vou ser forte, vou conseguir ser aquele exemplo que todas as mulheres que por isto passam e superam o são.
Ainda sou nova e sinto que tenho capacidades para ter uma vida normal como toda a gente.
Acho que é uma parvoíce minha mas começo a ter medoo que as pessoas me olhem de lado e que sintam medo de estar perto de mim, pois eu por dentro sinto-me igual e não faço mal a ninguém.
Sou a mesma que sempre fui e sempre assim o serei.
Agradeço a Deus por tudo e sempre continuarei a agradecer porque Ele sabe o que faz e se Ele acha que eu vou ter que passar por isto, eu tou cá para Lhe "odedecer". Sei que fui eu que um dia, ainda antes de nascer, que escolhi esta vida, que escolhi tudo o que tenho e tudo o que sou, por isto mesmo, tenho que Lhe agradecre.

segunda-feira, abril 17, 2006

Passo a passo pareço perder o sentido lógico

Hoje é um daqueles dias que até começou muito bem, mas durante o dia fui perdendo a alegria e fui ganhando uma certa melancolia até ao fim.

Não sei porquê, mas há dias assim.

Amanhã vai ser um dia muito importante para a minha vida. Ainda não é amanhã que tudo vou saber, mas vou passar por uma étapa que vai dar início a mais algumas, ou a várias e importantes étapas da minha simples vida.

Há alturas em que pensamos que tudo está bem, outras também em que achamos que nada tem sentido.

Por agora, passo por mais uma boa fase da minha vida, sinto-me bem e feliz, mas o medo apodera-se da minha fraqueza e delimita as minhas capacidades de eu poder organizar-me neste meu pequeno espaço. Sinto que vivo numa berma que por vezes é atropelada pelas circuntâncias do meu pensamento e que conforme o meu ser se transforma, também o meu viver se altera.

O que 1,5*1,8cm podem alterar uma vida, podem levar a que toda uma corda que vive bem amarrada de repente se deslace e se desfaça. O que será preciso para que estes fios endureçam e juntos façam uma das melhores teias e que estabeleçam uma forte ligação entre o meu coração e o meu pensamento.

Sei que mais uma vez, vai ser algo que vou superar positivamente, mas que me vai dando uma pequenas dores de cabeça.

Tenho medo, não posso dizer que não, sim eu tenho muito medo do amanhã, tenho medo que mesmo que nada de mal seja, que eu sofra, que me doa o corpo, porque a alma, essa, sempre esteve preparada e sempre me ajudou a superar o que até hoje passei.

Queria ter a força de mil mulheres e saber dizer NÃO, BASTA, mas não consigo e tudo continua na mesma, tudo me enfeitiça o querer e este acaba sempre por superar o poder e..............

Eu sei que tudo está lá, tudo o que me for reservado está lá, então porque não abro os olhos e não digo CHEGA, que nada vale a minha luta diária, porque vai ser sempre assim. Uma espera inconstante e limitada e um sofrimento prematuro do que vai ser o meu futuro.